domingo, 6 de junho de 2010

A dança de quem procura o seu lugar


Ciranda de Pedra
Primeiro romance de Lygia Fagundes Telles já mostra a consistência da autora


Acabei de ler Ciranda de Pedra, primeiro romance da então escritora de contos, Lygia Fagundes Telles. A primeira edição foi publicada em 1954 e o livro continua envolvente e atual até hoje. É tão popular que já foi, inclusive, adaptado para a novela televisiva duas vezes. A primeira vez em 1981 e a segunda em 2008.

O livro é narrado sob o ponto de vista de Virgínia, uma garota que enfrentará muitos problemas durante a sua vida, crescimento e autoconhecimento em um mundo confuso onde ela, muitas vezes, não consegue se encaixar.

Através do amor, especialmente o não correspondido, dos segredos velados, da loucura e dos anseios a narrativa desenvolve a história de um grupo de amigos (Virgínia, Conrado, Bruna, Letícia, Afonso e Otávia) e o crescimento desses que compõem a ciranda do título.

Enquanto criança Virgínia encara essa dança com olhar de quem quer entrar. Sob a perspectiva de quem admira. Ao retornar à mesma ciranda quando mais velha seu olhar muda e ela passa a observar melhor as transformações pelas quais tanto ela quanto o grupo sofreram durante os anos.

Lygia Fagundes Telles impressiona com a sua capacidade de escrita. Sua literatura é bem trabalhada, mas o leitor recebe as palavras de maneira simples e natural, como se não tivesse havido trabalho nenhum para contar aquela história.

Outro aspecto fundamental é a capacidade de construção dos personagens. Virgínia e os demais são construídos e apresentados com tal perfeição e riqueza de detalhes que esse é um daqueles livros que te deixam com saudade assim que você conclui a última linha.

Da contracapa:

Ciranda de Pedra, um dos pontos altos da obra de Lygia Fagundes Telles, é um originalíssimo romance de formação, acolhido com entusiasmo pela crítica e pelo público desde que surgiu, em 1954. Para Carlos Drummond de Andrade, trata-se de “um livro perturbador, que nos prende e nos assusta, que nos faz sofrer e ao mesmo tempo nos oferece o remédio compensador da arte””.

Das páginas:

“O escuro a familiarizava com a morte, seria simples. Qualquer outra espécie de fuga podia ser uma solução fácil mas frágil, só a morte era definitiva.” (pág. 172)


Outros livros da autora:

A estrutura da bolha de sabão - contos;

As meninas - romance.


Agora? Tryo.

2 comentários:

Stéfani Zimmermann disse...

Parece ser bem legal
Bjs
http://nuvem-de-amor.blogspot.com/

Anônimo disse...

Tão bom ler e poder compartilhar experiências tão gostosas.
O Brasil tem grandes nomes literários, infelizmente nem sempre reconhecidos.
Gostei do post e do blog.
BjO*