quinta-feira, 10 de junho de 2010

A vida em quadrinhos (Macanudo)


Já falei sobre o cartunista argentino Liniers por aqui e, embora já tenha visto alguns trabalhos seus na internet ainda não tinha tido a oportunidade de estar com alguma obra sua em minhas mãos. Até que, há alguns dias, não resisti (eu sei, eu sei, havia prometido, mas fazer o que!?) e acabei comprando Macanudo nº1. Uma compilação de tirinhas suas publicadas entre junho de 2002 e novembro de 2003 no jornal La Nación, Argentina.

Com um olhar aguçado Liniers apresenta a beleza e também a melancolia da vida através de seus traços precisos. Confesso que me apaixonei ainda mais. Sua capacidade de observação é impressionante e os seus personagens são extremamente cativantes.

Gosto, em especial, das tirinhas que envolvem Enriqueta, uma garota de sete anos e 1/4 e o seu gato Fellini. Mas seu leque de personagens abrange também um grupo de duendes de hábitos e costumes excêntricos, Madriaga, o ursinho de pelúcia de Enriqueta, um grupo de pingüins e Z-25, o robô sensível, por exemplo.

Ler suas histórias é uma maneira mágica de empregar alguns minutos – ou horas – da vida. Além de ser um meio incrível para se observar o que está a nossa volta com novos olhos.

Do prólogo (palavras precisas da também cartunista argentina Maitena):

"Qualquer um pode desenhar um gato, qualquer um pode desenhar uma garota ou um homem com chapéu, mas não é qualquer um que pode fazer com que esse gato, essa garota ou esse homem com chapéu sejam diferentes de todos os que tivéssemos visto anteriormente e passem a fazer parte do mundo como se os conhecêssemos.

Liniers desenha personagens, e seus personagens são extraordinários. E os desenha tão bem que são todos lindos, até os feios são tão perfeitamente feios que são belos. Solitários, com uma inocência pop às vezes meio perversa, movem-se com elegância entre a tristeza e o assombro, como atores anônimos de pequenos filmes B caseiros.

Lápis, nanquim e aquarela se unem habilmente com a poesia e o absurdo em um mundo cheio de surpresas. Qualquer coisa pode acontecer em Macanudo. Suas histórias caem no humor inocente com a pureza de quem desfruta das coisas mais bobas da vida.

Liniers desenha um mundo duro com absoluta delicadeza. Uma alegria melancólica que contrasta com a felicidade boba. Seu trabalho é belo e divertido. Ele é um rapaz macanudo.” (Maitena)

Macanudo, de acordo com o dicionário, significa algo magnífico, extraordinário. E, sim, o trabalho desse argentino é, de fato, extraordinário.

Da página 81: “Sempre chove um pouco dentro de Rinaldo.” (Macanudo/ Liniers)

Site e blog do macanudo Liniers.


Agora? Julieta Venegas (compulsivamente).

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