segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Chéri (Chéri)


Chéri (Chéri)
Reino Unido / França / Alemanha/ 2009/ 100 min
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Christopher Hampton, Sidonie-Gabrielle Colette
Elenco: Michelle Pfeiffer, Kathy Bates, Rupert Friend, Frances Tomelty

Baseado no livro homônimo de Sidonie-Gabrielle Colette (1873-1954) escrito em 1920,
Chéri conta a história de Lea de Lonval (Michelle Pfeiffer), uma das mais famosas e bem sucedidas cortesãs da Belle Époque francesa. Ao se aproximar dos 50 anos, ela precisa considerar a idéia da aposentadoria.
É justamente nesse período que uma colega de profissão (Kathy Bates) precisa dar um jeito no filho de 19 anos - o Chéri do título (Rupert Friend) - que vive em um ritmo desenfreado de farras, mulheres e bebidas.
Lea já “cuidou” de diversos jovens no decorrer de sua carreira, não seria diferente com Chéri. Ambos viajam para que ele possa amadurecer com o auxílio da cortesã. Mas essa relação acabou tomando um rumo inesperado e o casal fica junto durante seis anos. Tempo suficiente para que o jovem cresça e chegue a idade propícia a um casamento. É a possibilidade da união com outra mulher que abala a relação dos dois.
Além do romance entre pessoas de idades muito diferentes, o principal tema abordado aqui é a chegada da idade, o adeus à juventude e as dificuldades reais e psicológicas que essa transição traz aos seres humanos. Questão essa bastante atual. Afinal o louvor à estética e a juventude está em pleno vapor. É muito bom apreciar essa questão com uma roupagem tão bonita e delicada.
Aqui, inclusive, é inevitável o paralelo entre a personagem e a atriz – que já chegou à casa dos 50 – belíssima! Isso porque o cinema também não costuma ser benevolente com o passar do tempo, em especial para com as mulheres.
Outro dia li uma entrevista de Michelle Pfeiffer na qual o entrevistador dizia alguma coisa sobre o fato de se falar sempre a respeito de haver alguns papéis bondosos para atrizes mais velhas – alguma coisa assim, mas que nunca se dizia nada sobre isso a atores como Jack Nicholson, por exemplo. Ela então agradeceu ao entrevistador por ter notado essa diferença.
É uma pena constatar que sim, o cinema (e muitas outras áreas, vale ressaltar) costuma ser mais gentil com os homens do que com as mulheres. Eles envelhecem muito melhor na tela, digamos assim. São melhor aceitos e têm mais personagens a interpretar.
Mas ainda há esperança. Estão aí Michelles, Meryls e Keatons para provar isso, mudar e chacoalhar as coisas.
O filme é de época, mas suas questões são extremamente atuais.
Pfeiffer, mais uma vez sob a direção de Stephen Frears, com quem trabalhou em outro filme de época em 1988, Ligações Perigosas, está impecável – e linda como sempre. A química entre ela e Rupert Friend funciona muito bem. O filme é bonito e delicado, contado de maneira linear e sem grandes 'complicações', através de um roteiro bem escrito e amarrado.
Vale pedir atenção especial para a cena final. O desfecho é excelente e [spoiler] o close final de Pfeiffer diante do espelho analisando sua vida, além da reflexão que fica acerca do tempo e da idade é muito bem colocado.

Agora? Caetano Veloso.

De volta a Alice no País das Maravilhas. Agora vai!

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