sábado, 31 de janeiro de 2009

Um Romance Russo (Emmanuel Carrère)



Terminei, enfim! E, quer saber? Gostei muito! Antes deste só havia lido outro do mesmo autor, O Adversário o qual adorei! Agora espero ler todos os outros. Um Romance Russo apresenta uma leitura não muito simples, não que seja difícil de entender, mas é um pouco denso e ler no ônibus não ajuda (eu preciso aproveitar meu tempo - é escasso).
Aqui, o próprio autor é o personagem principal da obra e conta sem amarras três histórias sobre as quais não esconde nada, sendo incrivelmente franco com o leitor. Carrère conta a sua própria jornada durante, primeiramente, a gravação de uma matéria sobre o suposto último prisioneiro da Segunda Guerra que foi encontrado 50 anos depois em um manicômio na Rússia, mas que, posteriormente, acaba se transformando na gravação de um documentário sobre os habitantes e a rotina de Kotelnitch, cidade onde o prisioneiro foi encontrado; Ele também relata o seu romance com Sophie, tanto a ascensão como a queda, desde os sentimentos sublimes até os mais egoístas e,por fim, conta a história do seu avô que, semelhante ao prisioneiro encontrado, desapareceu durante a Segunda Guerra Mundial e cujo fantasma e a dúvida perseguem a família até os dias de hoje.
Resultado: um livro que demora um pouquinho para acontecer – é, eu sempre indo rápido - mas que é justificável porque as histórias precisam ser apresentadas e as bases precisam ser construídas, escrito de maneira interessante e envolvente. Uma obra forte e muito boa através da qual o autor utiliza a sua própria biografia como válvula de escape para exorcizar os próprios demônios!
Carrère utiliza todos esses elementos para recontar sua própria história a fim de se libertar dos próprios demônios. Utiliza a sua escrita para superar e se libertar dos seus tormentos, embora muitas situações narradas ali não agradem pessoas envolvidas nessas histórias.
Talvez eu tenha gostado tanto porque Carrère é impiedoso consigo mesmo, os seus defeitos, ou melhor, suas atitudes não tão louváveis, digamos assim, ganham uma proporção grande e merecem quase toda a atenção, além de as histórias serem densas, fortes e tristes. Como eu sempre pendi para a melancolia, para a dor e afins, adorei! Além de estar louca para ler outras coisas dele, já que o estilo me agrada muito.

Da parte de trás: “... Nele, Emmanuel Carrère constrói uma narrativa autobiográfica que foge aos padrões tradicionais, ao revelar ao leitor absolutamente tudo, sem disfarces ou atenuantes: seus enganos, suas crises de ciúme, seus fantasmas familiares.
Ao contar três histórias em paralelo – um caso de amor que o levará à beira do abismo, uma viagem à Rússia para filmar um documentário cada vez mais intrincado e uma pesquisa acerca do passado nebuloso do avô, colaborador dos alemães na Segunda Guerra -, Carrère compõe um revalo universal sobre o amor e a perda. Um Romance Russo é uma obra de impacto, de um dos escritores franceses mais originais de sua geração”.

***Também indico O Adversário.

****No momento? Ainda não decidi, nada em mãos, embora esteja com vários livros ainda intocados. Justificativa? Acabei de terminar meu projeto experimental!!! Do que preciso? De um livro leve e envolvente.

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