Ode às palavras

Acabei de conhecer o blog de Ana Lúcia Diniz. Tão lindo. Entre um e outro texto me deparei com esse Ode às palavras. A verdade? Que me pareceu, ao mesmo tempo, forte e delicado. Que as palavras fluiram e despertaram uma certa identificação. Não poderia passar em branco:

"Ode às palavras

Word. pages. bloco de notas. caderno pautado. moleskine. as palmas da minha mão. as paredes do meu quarto. as margens dos livros de outros autores... todos em branco. simplesmente não consigo escrever em nenhum dos locais que antes costumavam conter meus rabiscos. quero falar sobre amores. quero falar sobre o que li. quero falar sobre o meu pai. é isso. vou falar sobre o meu pai... mas não agora, não nesse texto. quero falar sobre o gosto de sal e gim que ficou na boca quando li o jardim do éden, de Hemingway. quero falar do carnaval... não, não, não consigo colocar o carnaval em palavras. aliás, não consigo colocar mais nada em palavras. tomo banho, espaireço, ouço música, leio outros. leio muitos e muitos outros. mas não falo. não do jeito que quero falar. tenho receio de me tornar apenas aquela que costumava escrever. no pretérito imperfeito. mas decidi que não passa de hoje. não passa de agora. uma amiga acaba de me dizer para simplesmente deixar as palavras fluírem. e vai ter que ser assim. pra mostrar que ainda tenho palavras em mim. e sai esse texto. doído texto. texto doido, também. meio digitado, meio escrito no corpo, na parede, meio rabiscado em um Bukowski que estava em cima da cama. pra mostrar que eu ainda tenho palavras em mim. uma ode às palavras. amém!" (Ana Lúcia Diniz)

Agora? Marisa Monte.

Foto tirada por mim.