quarta-feira, 16 de março de 2011

Do que não se vê


Lendo A vida que ninguém vê (Eliane Brum). Ainda na página 47 de um total de 196, mas completamente encantada. De lá:

"O mundo é salvo todos os dias por pequenos gestos. Diminutos, invisíveis. O mundo é salvo pelo avesso da importância. Pelo antônimo da evidência. O mundo é salvo por um olhar. Que envolve e afaga. Abarca. resgata. Reconhece. Salva. Inclui." (Pág. 22)

"Não há nada mais triste do que enterro de pobre. Porque o pobre começa a ser enterrado em vida. Quem diz é Antonio, um homem esculpido pelo barro de uma humildade mais antiga do que ele. Um homem que tem vergonha até de falar e, quando fala, teme falar alto demais. E quando levanta os olhos, tem medo de ofender o rosto do patrão apenas pela ousadia de erguê-los." (Pág. 36)



"É necessário compreender que a maior diferença entre a morte do pobre e a do rico não é a solidão de um e a multidão do oitro, a ausência de flores de um e o fausto do outro, a madeira ordinária do caixão de um e o cedro do outro. Não é nem pela ligeireza de um e a lerdeza do outro.
A diferença maior é que o enterro de pobre é triste menos pela morte e mais pela vida." (Pág. 39)

Fotos tiradas por mim.

Agora? Regina Spektor.

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