terça-feira, 20 de julho de 2010

De volta às raízes


Tudo pode dar certo
Woody Allen volta às origens na forma e no conteúdo – mas não perde o humor


Tudo pode dar certo (Whatever Works)
EUA/ 2009/ 93 min.
Direção e Roteiro: Woody Allen
Elenco: Larry David, Evan Rachel Wood, Patricia Clarkson, Ed Begley, Conleth Hill, Michael McKean, Henry Cavill, Jessica Hecht, John Gallagher, Carolyn McCormick, Christopher Evan Welch

Tudo pode dar certo
não se encaixa muito bem na fase européia do seu criador. Na verdade, retrata um retorno do cineasta às suas histórias ambientadas em Nova Iorque. Depois de longas como Match Point e Vicky Christina Barcelona, por exemplo, que se passam na Inglaterra e na Espanha respectivamente, Woody retorna para um breve momento em Nova Iorque onde realiza uma comédia simples e rápida, mas que funciona. Especialmente por conseguir conservar o bom – e ácido – humor.

Na trama, Borris (Larry David) é um homem intelectualmente superior à maioria dos mortais (e que, como o personagem costuma lembrar, foi quase indicado ao prêmio Nobel de física) e hipocondríaco (ao extremo), além de duramente sincero que, por acaso, conhece uma jovem (Evan Rachel Wood) com quem, apesar de relutar, irá se relacionar.

O Borris de Larry David não é dotado da fragilidade dos protagonistas interpretados por Woody Allen. Sendo assim, a empatia do espectador diminui e a dureza do personagem fica mais evidente, mas talvez essa característica tenha ajudado a diferenciar um pouco mais esse trabalho dos demais.

A história lembra a narrativa de Manhattan , onde um homem mais velho e intelectualmente superior se relaciona com uma adolescente, embora Tudo pode dar certo penda mais para a comédia do que o filme de 1979, mas muitos elementos trabalhados na vasta cinematografia de mais de 40 longas do diretor, são retomados aqui. São exemplos disso o já citado protagonista intelectual e hipocondríaco, além das relações amorosas e familiares. Tudo salpicado com muita ironia e humor.

Na forma, Woody apresenta longos planos seqüência tão utilizados nos seus filmes anteriores, além de diálogos filmados durante longas caminhadas. A quebra da quarta parede, quando o personagem se dirige ao público falando diretamente com ele, também é retomada nesse filme e Borris interage com o público durante toda a projeção narrando os fatos, fazendo perguntas e incentivando reflexões.

De acordo com Rodrigo Carreiro em seu Cine Repórter, esse roteiro foi escrito nos anos 70 e esteve encostado desde então até que o diretor decidiu filma-lo. Se analisarmos por esse prisma fica ainda mais fácil entender porque essa história parece estar fora do contexto atual do diretor.

Apesar da aura saudosista o filme consegue se segurar e garante boas risadas.

Agora? Manu Chao.

2 comentários:

Nanda Assis disse...

feliz dia.

bjosss...

Sara PC disse...

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