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Sabe que às vezes as pessoas te impressionam? Uma pena que em boa parte desses momentos seja de uma maneira tão negativa.
Pois bem, fui ao cinema nessa quinta-feira. Aliás, fui à uma sessão especial do filme Criação. Especial porque, além de ser aberta ao público em geral, estava sendo exibida especialmente para um grupo de universitários (frise bem essa informação, é essencial) que deveria assistir ao longa, participar de um debate promovido logo após o término do filme para, posteriormente, discuti-lo em sala de aula.
O filme aborda a vida de Charles Darwin durante o processo da escrita do livro, A Evolução da Espécie. Um filme muito bem construído, fica a dica. Estruturado de maneira não linear, o longa apresenta uma faceta não muito conhecida do cientista, além de levantar questões importantes como o conflito entre a ciência e a religião, para citar apenas o mais óbvio.
Quando você vai a uma sessão como essa, cujo filme é tão particular e apresenta uma proposta um pouco mais densa do que boa parte das produções dos Multiplex e, especialmente, quando a exibição é direcionada para um público como o citado aqui, espera-se que seja um momento tranqüilo e até mesmo prazeroso. Afinal, um debate sobre um filme que levanta tantas questões pode ser proveitoso.
Em compensação tudo isso pode não dizer nada e o momento pode se apresentar caótico e constrangedor – fato!
Então tá, o começo já foi ruim. Eis que as pessoas eram incapazes de assistir a um filme em um cinema. Gritinhos, conversas, brincadeiras indevidas. Um comportamento inaceitável, especialmente em uma situação como essa.
Após mais de uma hora de tortura coletiva o filme chegou ao fim cedendo lugar ao debate.
Em uma de suas observações iniciais o palestrante levantou uma possibilidade/ questionamento encontrado no filme e disse algo como “Não tenho dúvidas que nós viemos dos macacos". O debate foi quase que totalmente voltado para a relevante questão “eu não vim de um macaco” com direitos a comentários raivosos e calorosos de que “eu não vim de um macaco. Por acaso eu nasci de um? Ah! E os macacos vêm de onde?".
Oi!?
Ok, não aceitar a teoria de Darwin porque crê na teoria religiosa, beleza, acho digno. Não conhecer – porque sim, a maioria dos estudantes não conhecia mesmo e não entendia nem a teoria nem o filme – a teoria da evolução das espécies, apesar de ser um tema abordado no colégio, ok também. É estranho, mas eu poderia viver com o fato de muitas pessoas estarem tendo esse primeiro contato ali. Sério, numa boa.
Agora, não conseguir compreender o que estava sendo dito pelo palestrante (numa linguagem simples) ali em tempo real, ao vivo! - Lembrando que se tratava de universitários - aí não dá para mim. Não conseguir perceber que “vir do macaco” não quer dizer literalmente nascer de um, também é muito na minha humilde opinião.
Perturbador. Muito perturbador. Vergonha alheia nível mil. Saí de lá perturbada e realmente impressionada.Um bom filme, mas uma péssima experiência coletiva. Desde a falta de educação presenciada até a frustração da discussão sobre o macaco. Realmente perturbador se você parar para pensar no contexto. Se você levar em consideração as pessoas em questão, o nível escolar dessas pessoas e a educação desse país. Mas vamos lá brincar de Pollyana, não é mesmo?
Agora? Nouvelle Vague.
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