quarta-feira, 7 de abril de 2010
De Longe
A luz esticara as suas mãos pelo lado oposto há algum tempo. Passara pelo ponto mais alto e, agora, seguia o seu caminho pelo lado contrário.
O vento cansado balançava a cortina levemente, sem vitalidade. Seu esforço era apenas para lembrar de que ele ainda estava ali, apesar do tempo quente.
Continuo no mesmo lugar mirando o vazio. Acompanhando o avançar do dia, mas sem energia para participar. Por vezes ensaio uma caminhada, finjo que vou levantar, mas não o faço. Permaneço imóvel na mesma poltrona velha e surrada já cansada de me apoiar.
Mais uma vez o dia se esvai. Suas mãos me abandonam dando vez ao toque frio da lua. O tempo muda. Eu não. Permaneço imóvel.
O cabelo perde a cor. Os dias deixam suas marcas na pele mudada. A força insiste em me abandonar demasiadamente depressa, despede-se.
Às vezes não reconheço o reflexo no espelho. Engraçado, onde está o jovem cheio de vida e de planos?
Volto para a poltrona onde estou seguro e, mais uma vez, o dia segue o seu rumo enquanto o admiro de longe.
Natali Assunção.
Agora? Vanessa da Mata.
Imagem.
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Um comentário:
De longe? Não conheço...
Mas a poltrona está aqui, e eu tentando escapulir do seu braço.
inté
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