terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Dos Capitães da Areia


Estava dando uma olhada nas notícias relacionadas a cinema no UOL e me deparei com uma matéria sobre a adaptação cinematográfica do livro Capitães da Areia de Jorge Amado. Como já comentei o livro por aqui, segue a notícia:

"Neta de Jorge Amado faz leitura com roupagem pop do romance "Capitães da Areia"
(ALYSSON OLIVEIRA)

Em meados da década de 1990, quando se decidiu por trabalhar com cinema, Cecília Amado ouviu uma confissão de seu avô, o escritor baiano Jorge Amado. “Ele me contou que estava muito feliz porque sempre teve vontade de ser cineasta. Talvez por isso os livros dele sejam sempre tão cinematográficos”, lembrou a diretora ao UOL Cinema, do Rio de Janeiro, onde ela finaliza a adaptação de “Capitães da Areia”, prevista para estrear nos cinemas brasileiros em setembro.
Com vasta experiência como assistente de direção em cinema (“Batismo de Sangue”) e televisão (a série “Cidade dos homens” e novelas como “Da cor do pecado” e “Mulheres apaixonadas”), Cecília estreia na direção de longas exatamente com a adaptação desse livro, que é uma das obras mais famosas do avô, morto em 2001. “É um livro que marcou minha geração, a geração dos meus pais. É um romance que marcou a adolescência de muita gente porque descreve muito bem essa fase da vida, falando da liberdade, das descobertas”.

Desde o começo da década, quando, no Rio de Janeiro, viu uma adaptação para o teatro do mesmo romance, Cecília percebeu que poderia levar o livro para o cinema. “Tinha uma energia a história daqueles jovens. Eu pensei como seria bom levar a história de volta para Salvador, com as cores e a cultura da cidade, seria fantástico”. O filme entrou em produção apenas em 2006 com Hilton Lacerda (“A festa da menina morta”, “Baixio das Bestas”) assinando um primeiro tratamento do roteiro.

“Eu sabia muito bem o que queria e o Hilton me ajudou a criar o corpo do filme. O livro [publicado em 1937] foi escrito por um Jorge Amado de 20 e poucos anos. Era praticamente outra pessoa, não o meu avô que eu conheci. Tive que fazer algumas adaptações, deixar algumas coisas de fora. Não tive pudor de abrir mão de questões que soavam datadas”, explica.
Apesar de ser um dos livros mais famosos de Jorge Amado, “Capitães da Areia” teve apenas uma adaptação para o cinema (“The sandpit generals”, no original), assinada por Hall Barllet, em 1971. Segundo Cecília, o filme nunca foi lançado comercialmente no Brasil, mas foi um grande sucesso na União Soviética. “É possível encontrar clipes na internet desse filme. É engraçado ver atores estrangeiros fazendo personagens que são tão brasileiros, ou ouvir o Dorival Caymmi dublado em russo”, diverte-se.
Ao longo dos anos, diversos cineastas tentaram adaptar “Capitães da Areia”, mas, por um motivo ou outro, nunca deu certo. Além do filme de Barllet, a obra foi levada para a televisão, no final dos anos de 1980, sob a direção de Walter Lima Jr. (“Menino de Engenho”). Desde que decidiu que ia rodar o livro, Cecília garantiu os direitos. “Quando resolvi que seria meu, ninguém podia tirar de mim”.
Para sua adaptação, no entanto, Cecília queria muita brasilidade na tela, a começar pelo elenco. “Eu pensava muito em trabalhar com não-atores, o que já foi provado que, para filmes como esse, pode ser uma escolha bastante interessante, como em ‘Pixote – A lei do mais fraco’ (1981) e ‘Cidade de Deus’ (2002).” Para encontrar os intérpretes certos, a diretora contou com a ajuda de diversas ONGs de Salvador. Dentro de um universo de mais de mil jovens, selecionou 90 para uma oficina e, destes, pouco mais de uma dezena para fazer “Capitães da Areia”.
O filme foi rodado em 3 etapas diferentes, ao longo de seis meses, o que deu um total de 9 semanas. “Foi um processo interessante, em que pudemos acompanhar o crescimento físico dos atores, que tinham a mesma média de idade dos personagens, em torno de 14 ou 15 anos. Eles trouxeram muitas de suas vivências para o filme, por isso eu dei espaço para muita improvisação”. A narrativa acompanha os personagens por um período de um ano, entre duas festas de Iemanjá.
Para Cecília, o livro está impregnado no imaginário popular de forma muito forte. “Praticamente todo mundo conhece ‘Capitães da Areia’. Muita gente leu, outros conhecem pelo menos a história”. Por isso, era preciso buscar uma nova roupagem para a adaptação. “Eu não queria fazer um filme contemporâneo, pois as questões envolvendo menores abandonados hoje em dia são outras. Acho que o tráfico teria uma presença muito forte no filme e tiraria o foco do meu tema, que é a origem do problema do menor abandonado”.
Para isso, a diretora resolveu situar a ação da trama 20 anos depois da original, ou seja, na década de 1950. “Essa é uma época em que Salvador cresceu e se modernizou muito. Cinematograficamente também é mais interessante, o visual, as cores são mais bonitas”. Durante as pesquisas de locação, Cecília e sua equipe constataram que a cidade, na verdade, não é tão preservada quando se pensa. “Há muitos lugares que conservam as construções históricas, mas sempre há algo destoando. É praticamente impossível encontrar quatro casinhas coloniais uma ao lado da outra”.
Buscando comunicar-se com seu público-alvo, ou seja, os jovens, Cecília conta que optou por uma leitura pop do universo do romance de Jorge Amado. A trilha sonora, por exemplo, é composta por Carlinhos Brown, e segundo a diretora, colabora para um quê de contemporâneo dentro de um filme de época. “O Carlinhos é um músico conhecido no mundo todo. Ele sabe falar com os jovens, com os adultos. Acredito que a trilha dele vai ajudar nesse processo de comunicação com o público”."

Será que o resultado vai ser bom? Ansiosa para conferir.

Agora? Nada de música. Computador do trabalho (sim, em plena terça-feira de carnaval) sem caixa de som - triste.

Hoje? Produção de Cinderela em Olinda.

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