terça-feira, 6 de setembro de 2011

Estrutura frágil


Maria Luiza teve uma vida inteira para conseguir se entregar. Não se entregar fisicamente assim como se pode imaginar, mas sim se entregar. Entregar-se de maneira firme, confiar e ter segurança ao fazê-lo.

Enquanto refletia tentava estruturar suas ideias a fim de transmiti-las claramente aquele que lhe parecia seu mais fiel confidente, o espelho do banheiro, mas sentia que até mesmo ali falhava em compartilhar. O choro preso na garganta dificultava o processo.

Maria Luiza teve a vida inteira de oportunidades e descartou a maioria delas. Não sabia se por puro medo ou puro trauma, sentia que jamais saberia – eternamente “e se...”. Por isso mesmo a confiança sempre fora um termo difícil e, cada vez mais, mostrava-se tal como uma montanha rochosa por escalar: possível, mas improvável.

Um dia acreditou e decidiu arriscar. Com o tempo derrubou a muralha tijolo após tijolo. Revelou tudo o que estava por baixo da superfície. Todas as dores e alegrias, desabrochou e arrancou pétala por pétala para que o centro fosse límpido, inteiro. A bela e a fera, ao mesmo tempo. Verdadeira. Mas diante da primeira rachadura inesperada a estrutura se tornou frágil e ela já não sabia se conseguiria novamente.



Fotos tiradas por mim. Fotos antigas na falta de algumas novas. Vontade de fazer novos registros.

Filme do fim de semana: O Homem do futuro. Bem legal. Tempo corrido, espero conseguir escrever sobre ele por aqui. Além disso, preciso ver mais coisa, afinal o fiasco da lista de agosto não pode se repetir=)

2 comentários:

Anônimo disse...

É MUITO LINDA, MUITO INTELIGENTE, NÃO PUXOU A MAMÃE. PARABÉNS

Anônimo disse...

Gostei, belas palavras e belas fotos, tem horas que sou igual a Maria Luiza, tem horas que sou mais verdadeiro.

José Gilson