domingo, 22 de maio de 2011

Thriller romântico de ficção científica


Adaptação de Philip K. Dick chega aos cinemas cheia de energia


Os agents do destino (The Adjustmen Bureau)
EUA/ 2011/ 106 min.
Direção: George Nolfi
Roteiro: George Nolfi, baseado no conto The adjustment Team de Philip K. Dick
Elenco: Matt Damon, Emily Blunt, Anthony Mackie, John Slattery, Michael Kelly, Terence Stamp

“Conheci” o escritor americano de ficção científica, Philip K. Dick (1928 – 1982), sem saber que já o conhecia de certa maneira. Não lembro muito bem de como o contato aconteceu, mas acredito que tenha sido no momento em que assisti ao filme O Homem duplo (A scanner darkly/ Dir. Richard Linklater/ 2006). Gostei muito do que vi e, como se tratava de uma adaptação, saí de lá pensando: “Ok, preciso ler as coisas desse cara.” É o que venho tentando fazer desde então – a passos muito lentos, confesso. A surpresa desse primeiro momento foi descobrir que eu já tinha visto alguns trabalhos seus por mediação de terceiros. Ou seja, já tinha assistido a alguns filmes adaptados de seus livros.

Pois é, se você nunca leu as obras de Philip K. Dick é muito provável que já tenha visto alguma adaptação sua. O já citado O Homem duplo, Minority Report - a nova lei (Minority Report/ Dir. Steven Spielberg/ 2002) e Blade Runner - o caçador de andróides (Blade Runner/ Dir. Ridley Scott/ 1982), são algumas delas. Vale ressaltar que Blade Runner foi o primeiro livro dele a ser levado às telonas e isso aconteceu no ano da morte do autor.

De 82 para cá outros livros foram adaptados. Caso de Os agentes do destino, thriller romântico de ficção científica. Nesse caso não poderei traçar paralelos uma vez que não li – ainda - o conto que deu origem ao filme. Mas, de qualquer forma, literatura e cinema são mesmo linguagens distintas então vamos ao filme:


A questão primordial que embala o enredo se trata de uma questão universal: até que ponto temos controle sobre eventos e situações que acontecem conosco? Como a nossa vida é regida? Seria por meio do acaso ou estaríamos todos sujeitos ao destino e seu plano previamente determinado? Essa é a base do enredo que conta a história de David Norris (Matt Damon), um político promissor que descobre que a realidade pode não ser apenas aquilo que parece. Após um contato inusitado e imprevisto com os agentes do destino do título, a perspectiva de Norris será profundamente alterada. A situação se complica quando ele descobre que não poderá procurar por uma misteriosa mulher, Elise Sellas (Emily Blunt), que conheceu em um momento vulnerável e por quem desenvolveu sentimentos fortes. A verdade é que tais questões filosóficas são levantadas, mas a discussão não chega a ser aprofundada.

Apesar de Os agentes do destino não desenvolver esse assunto e não se enveredar por questões referentes ao destino, controle e Deus mais intensamente, o longa consegue se apresentar de maneira redonda. Primeiramente, pode-se ressaltar a química entre os protagonistas. Quando começaram a sair as primeiras notícias de que Matt Damon e Emily Blunt formariam um par romântico em um filme fui cética. Na verdade, permaneci dessa maneira até ver a primeira cena dos dois juntos. Funciona, eles estão à vontade e o contraste de seus personagens se complementa na tela. Além disso, vale ressaltar a tensão bem construída do longa. A narrativa vai se desenvolvendo aos pouquinhos, sem revelar completamente a que veio, e consegue estabelecer o suspense necessário para a história. A montagem e a trilha sonora contribuem muito para isso e merecem destaque. O ponto mais fraco do filme fica mesmo a cargo do didatismo em excesso que aparece lá pela metade da projeção. Há uma explicação explícita dos eventos do roteiro e isso prejudica o todo, mas infelizmente, filmões de Hollywood costumam seguir essa tendência, não é? Afinal, para que estimular o raciocínio dos espectadores se tudo pode ser entregue já bem mastigado para evitar indigestão e, principalmente, para evitar que alguém engasgue?


A história apresenta um quê de ficção científica, mas também se mostra como um thriller de ação com emoção e corrida contra o tempo. Além disso, também é um romance. É difícil conciliar gêneros distintos em um filme como esse. Ás vezes acontece de uma parte se sobrepor a uma segunda que acaba parecendo estar fora do lugar. No caso de Os agentes do destino é importante observar que os elementos estão muito bem balanceados. Na medida certa para agradar homens e mulheres e, assim, conquistar um público mais abrangente.

Essa foi a estréia de George Nolfi na direção. Antes disso ele foi responsável pelo roteiro de O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum/ Dir. Paul Greengrass/ 2007) e de 12 homens e outro segredo (Ocean’s Twelve/ Dir. Steven Soderbergh/ 2004). O resultado da experiência foi um filme bem amarrado, eletrizante, divertido e romântico.

Um comentário:

Hugo de Oliveira disse...

Gostei da dica.

Te desejo um ótimo domingo.

abraços