quinta-feira, 29 de julho de 2010

Clássico para a vida toda


John Hughes marca gerações
"Bueller, Bueller"

Curtindo a vida adoidado (Ferris Bueller’s day off)
EUA/ 1986/ 109 min.
Roteiro e direção: John Hughes
Elenco: Matthew Broderick, Alan Ruck, Mia Sara, Jeffrey Jones, Jennifer Grey, Charlie Sheen, Lyman Ward, Edie McClurg, Kristy Swanson.


Outro dia revi um dos meus filmes preferidos. O longa de 1986, Curtindo a vida adoidado. Esse clássico do cinema “adolescente” marcou a minha vida e, certamente, faz parte de muitas outras histórias pelo mundo afora.

O enredo é simples: Ferris Bueller (Matthew Broderick) é um jovem no seu último ano do colegial que quer aproveitar a vida. Ele é popular e sabe como conseguir tudo o que quer. Em um dia de semana ensolarado, decide matar aula com a sua namorada, Sloane (Mia Sara) e o seu melhor amigo, Cameron (Alan Ruck) para passar um dia se divertindo ao invés de ficar confinado entre as quatro paredes opressoras da sala de aula.

Pronto, é isso. Mas como uma premissa tão simples pôde resultar em um filme tão incrível? Através de uma combinação perfeita de fatores.

Primeiro: o elenco é sensacional. Desde o protagonista até o mais simples coadjuvante, os atores são extremamente competentes. Além disso, a química entre eles é absoluta e coopera para que tudo flua melhor e de maneira convincente.

Outro ponto fundamental é o roteiro que consegue, a partir de uma sinopse simples, elaborar uma história consistente e bem amarrada. Os personagens são bem construídos e despertam a empatia necessária para que o público se identifique. As situações cômicas criadas são bem estruturadas e bem desempenhadas pelos atores.

Além disso, o texto em si é consistente e envolvente. O longa é conduzido
pelo próprio Bueller que, volta e meia, conversa diretamente com o espectador, assim como acontece em muitos dos filmes de Woody Allen como, por exemplo, Tudo pode dar certo. Essa conversa franca e direta entre o protagonista e a platéia ajuda a construir a cumplicidade necessária para que aqueles que acompanham o dia de folga de Ferris se sintam tão livres e capazes de fazer o que quiserem como o próprio adolescente. É como se o público fosse mais um da turma, um confidente.

Nas questões técnicas o longa também se destaca. A edição é dinâmica, consegue manter o ritmo e brinca com alguns conceitos, o que torna algumas cenas interessantes e não tão convencionais. Esse é o caso, por exemplo, da visita do trio ao museu. Quando os personagens aparecem em lugares diferentes através de cortes secos que não justificam a movimentação deles.

A fotografia também merece uma citação a parte. As cores e a composição dos quadros são lindas e se destacam. Não são utilizados apenas planos e contra-planos, por exemplo, como muitas comédias costumam fazer, exploram-se também ângulos mais trabalhados.

Por fim há ainda o efeito identificação. Todas as pessoas querem se livrar da rotina, ainda que por um dia, para fazer algo de que realmente gostem, que dê prazer ao invés de apenas se preocupar com as contas, notas, enfim, com as obrigações. Afinal, a vida eventualmente chega ao fim e o que se leva? Curtindo a vida adoidado faz com que o espectador sinta que é possível fazer uma “loucura” dessa de vez em quando.

Nesse caso, o filme apresenta dois lados da mesma moeda: Ferris é o descolado que sempre consegue realizar as coisas do seu jeito. Ele tem charme, é corajoso, é esperto e parece ter sempre a sorte ao seu lado. Cameron é um jovem completamente neurótico e perturbado. Constantemente ameaçado pelo medo que sente do seu pai opressor. Ele é o contrário do seu melhor amigo, não costuma se permitir fazer loucuras, pois está sempre preocupado com as conseqüências. Já Sloane é uma compilação dos dois, o meio termo. É a sonhadora com os pés no chão. E o espectador é tudo isso: é vontade de fazer as coisas do seu jeito, é medo e apreensão, é sonho e realidade. Acredito que essa combinação de fatores faz com que o filme consiga tocar pessoas das mais variadas personalidades e estilos.

O filme é ainda a celebração do encerramento de um ciclo. Nesse caso, o término do colegial, o início de uma vida nova que trará diversas mudanças. É uma despedida feliz e a preparação para o resto da vida. Passamos por muitas transformações, inícions e finalizações de ciclos que esse filme pode representar.

A edição especial do DVD presenteia o espectador com uma série de entrevistas com o elenco. São extras simples, nada de extraordinário, mas há vários depoimentos interessantes sobre a produção que revelam curiosidades e informações importantes. Fica a dica.

PS) Ainda tem a cereja do bolo: uma das melhores cenas de todos os tempos: Bueller cantando Beatles na passeata repleta de pessoas. "Save Farris!"

É sempre bom revisitar os clássicos. Ah, vontade de ver novamente De volta para o futuro, Os Goonies, Karatê Kid (original) e tantos outros.

Agora? Chet Baker.

7 comentários:

Anne Durey disse...

Não tem como não se apaixonar por Curtindo a Vida Adoidado (aliás uma das traduções de título mais estranhamente felizes já feita). Um momento que acho que merece destaque é a cena pós-créditos em que Ferris se vira para o espectador e fala "Vocês ainda estão aí? Já acabou, podem ir embora!" numa espécie de convocação de "vá você também curtir seu dia, você também pode", pra mim isso resume todo o espírito do filme.

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Querida amiga

Hoje estou passando para agradecer
a sua amizade.
Amizade que torna a vida preciosa.
Que enche de cores as minhas palavras.
Que me faz ainda mais feliz,
com o afeto distribuído
a cada visita,
a cada comentário
e a cada palavra escrita
no livro dos meus dias.

Sua amizade me faz melhor.

Natali Assunção disse...

Também gosto desse momento, Anne. E o legal dessa "conversa" com o público que é mantida durante todo o filme, é que Mathew consegue fazer de maneira natural, convincente. Funciona muito bem=)

João Paulo Güma disse...

fazem mais de 15 anos que vi esse filme pela primeira vez... faz uns dez que escuto quase todo dia "Oh Yeah" (ú-au-au para os mais íntimos)

esse filme marcou a minha vida, assim como "Wonder Years" enquanto série.

sempre bem Natali, parabéns.

Natali Assunção disse...

Poxa, bem lembrado. Anos incríveis também faz parte dos clássicos.

Eclética disse...

Que ótimo post!! Este filme é incrível! Sempre que penso em quebrar a rotina, ele me vem à cabeça.
Acho que vou assistí-lo novamente
rsrs

Tudo de bom pra vc. Bjinhos.
=)

passarinha. disse...

um dos filmes da vida...

=)