sábado, 27 de março de 2010

Como Treinar o Seu Dragão (How to Train Your Dragon)


Como Treinar o Seu Dragão (How to Train Your Dragon)
EUA/ 2010/ 98
Direção: Dean DeBlois, Chris Sanders
Roteiro: Dean DeBlois
Elenco: Jay Baruchel, Gerard Butler, America Ferrera, Craig Ferguson


Essa nova animação em 3D prova que existe sim vida pulsante na Dreamworks além de Shrek - que está para lançar o tal capítulo final da série, também em 3D, em maio deste ano nos Estados Unidos e em julho por aqui. Sendo assim, Como Treinar o Seu Dragão chega às telas repleto de aventura, ação e drama.

Na trama, o adolescente Soluço vive em uma aldeia Viking que, há anos, está em guerra com terríveis dragões. Há diversas gerações os vikings tentam defender as suas famílias dos ataques em busca de comida que dragões das mais variadas espécies investem sobre o local.

Os dragões roubam os animais da aldeia enquanto os matadores de dragões tentam reverter essa situação. São batalhas atrás de batalhas, enquanto os líderes da aldeia tentam em vão encontrar o ninho dos bichos para exterminá-los terminantemente.

Soluço cresce vivenciando o ódio e o medo infligido pelos ataques, mas não leva jeito para a coisa. Enquanto muitos adolescentes exibem suas habilidades naturais de matadores, Soluço se mostra cada vez mais desajeitado.

Entretanto, uma de suas confusões o levará a encarar o mais misterioso e temido dos dragões de frente e esse encontro mostrará que nem sempre o que é passado de geração para geração é uma verdade incontestável.

A animação é extremamente competente e abusa de cores e detalhes, moldando dragões muito distintos entre si. Os personagens humanos são mais simples esteticamente. Mas o que realmente impressiona são as cenas de ação muito bem elaboradas e cheias de adrenalina. Um roteiro simples, mas bem construído consegue, aliado a uma boa animação, construir um filme emocionante e divertido.

A história de Soluço aponta também para duas questões importantes. Uma delas é a diferença de pensamento e a eterna problemática entre pais e filhos que não se entendem. Ou melhor, que pensam de maneira muito distinta sobre um mesmo aspecto.

Não é de hoje que essa relação familiar (pai - filho (a) /filho (a) - mãe) implica diferentes pontos de vista e situações assim podem ser muito problemáticas. Podem gerar dificuldade de comunicação e distanciamento entre as partes envolvidas.

O que poderia ser facilmente resolvido a partir de diálogo e generosas doses de respeito no sentido de aceitar e conviver com pensamentos diferentes dos seus, mostra-se mais complicado do que isso. Uma vez que a relação envolve muito mais do que um simples discordar. Entram em jogo também expectativas, necessidade de aceitação, afirmação, confrontação e até relações de poder.

E, embora não de maneira aprofundada, os diferentes pontos de vista entre Soluço e o seu pai pincelam essa problemática de maneira interessante. A partir do seu contato diferenciado com os dragões, Soluço percebe que esses animais podem não ser inimigos. Que talvez o que vem acontecendo há anos possa mudar de prisma. Em compensação, seu pai, o líder dos vikings, não está tão aberto a mudanças. Após décadas enfrentando a fúrias dos dragões, tem dificuldades em aceitar um filho incapaz de se tornar um verdadeiro viking.

Além disso, a dificuldade enfrentada por Soluço em se encaixar no perfil dos cidadãos da aldeia aponta ainda, de maneira rápida e simples, a problemática da aceitação e de manter seu caráter e princípios mesmo quando estes não estão de acordo com o que a maioria das pessoas pensa.

Outro aspecto contido aqui é a intolerância e como conflitos infundados podem ser propagados durante décadas quando, na verdade, poderiam ser contornados com tolerância. Afinal a guerra aqui acontece como um costume. Dragões se defendem do ataque humano que se defende do ataque animal. Ou seja, uma bola de neve impulsionada pelo ódio sem sentido difundido pela tradição.

Trata-se de um filme infantil, portanto essas problemáticas são apenas pinceladas. Mas além do visual e da emoção o longa deixa algumas mensagens e lança algumas questões relevantes.


Agora? A trilha sonora de 500 Dias Com Ela.

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