quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Misto - quente (Charles Bukowski)

Então como já havia falado por aqui, concluí Misto - quente (Charles Bukowski). Esse foi o segundo livro que li desse autor e ainda pretendo ler outros. O primeiro (comentado aqui), Numa Fria, trata-se de uma compilação de contos. Já Misto – quente é um romance sobre a infância, adolescência e ingresso na vida adulta de Henry Chinaski. A obra se passa no fim dos anos 20/início dos 30, nos Estados Unidos. Chinaski nasceu na Alemanha, mas se mudou ainda criança, para a América, onde viveu durante os anos seguintes.
Henry que é de uma família pobre e assim como o restante do país enfrenta tempos difíceis: a depressão, a quebra da bolsa e também o início da Guerra. Essa situação se reflete na vida pessoal dele e na sua estrutura familiar que consiste em uma mãe omissa e um pai violento que desconta todas as suas frustrações no filho que não é nada do que ele sonhava.
É assim que Chinaski segue seus dias: irritado e deslocado. Seu cotidiano é guiado pela revolta e a sua personalidade moldada pela apatia. A narrativa aqui é direta e seca, assim como acontece nos textos de Numa Fria e o marginal (no sentido de estar à margem) é o foco das atenções de Bukowski.
Além disso, a contextualização da época na qual o enredo se desenrola ajuda ainda mais a entender a época e os personagens. Nesse sentido a edição que tenho em mãos (L&M Pocket) é muito feliz já que está repleta de notas do tradutor (Pedro Gonzaga).
De acordo com essa edição, Misto – quente se conta com pitadas autobiográficas. Vale ressaltar também que Henry Chinaski é revisitado em Numa Fria.

Misto – quente foi publicado em 1982.

Engraçado que esse livro me lembrou muito O Apanhador no Campo de Centeio (não comparo os dois), mas alguma coisa me fez aproximar Chinaski de Coufield, apesar da diferença da linguagem dos autores e da motivação dos personagens. Mesmo levando em consideração essas diferenças, a tentativa de se encontrar de ambos me levou à essa ligação.

De lá:

* ”Que tempos penosos foram aqueles anos – ter o desejo e a necessidade de viver, mas não a habilidade” (página 237).

* “Acho que o único momento em que as pessoas pensam em injustiça é quando acontece com elas.” (página 219).

* “Todas as guerras foram lutadas por uma pretensa Boa Causa, reivindicadas por ambos os lados. Mas apenas a Causa do vencedor se torna a Causa Nobre para a História. Não é uma questão de quem está certo ou errado, é uma questão de quem tem os melhores generais e o melhor exército.” (página 262).

Agora? Muse.

Por vir? Um livro infantil muito fofo. Comento muito em breve.

Ok, não sei qual é o problema, mas as fotos não estão ficando onde deveriam...

2 comentários:

Hugo de Oliveira disse...

Hum...legal, viu.


Ta me devendo uma visita viu


abraços

Hugo

Aline A. disse...

Puxa, velho buk, o cara!
Conclui esses dias 'Notas de um velho safado.'
Agora tô lendo Pulp, o último livro publicado dele.
São contextos incríveis!!!

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